O Brasil fervilhava às vésperas do Golpe Militar, as vivandeiras da direita rondavam os quartéis conspirando os quartéis. Em 13 de março de 1964, houve o histórico comício da Central, ou Comício das Reformas, na cidade do Rio de Janeiro, na Praça da República, situada em frente à Estação da Central do Brasil.
O governador Magalhães Pinto era um dos chefes civis da conspiração contra o governo Goulart e nesta condição fui à procura de Assis Chateaubriand, Chatô, para escutar sua opinião sobre um manifesto à nação assinado por todos os governadores, na verdade, um contundente libelo contra o governo Goulart e conclamação ao golpe militar que se avizinhava.
"Dias depois do comício, o governador Magalhães Pinto apareceu na Casa Amarela levando nas mãos a cópia de um manifesto à nação que pretendia que fosse assinado por todos os governadores contra o governo - articulação que, naturalmente, não chegou a progredir. Em uma reunião solene — da qual participava, entre outros, a pudica Lily Whitaker Gondim presidente de O Cruzeiro —, Magalhães contou que fizera contatos com os governadores Nei Braga, do Paraná, Petrônio Portela, do Piauí, Seixas Dória de Sergipe, e até com Miguel Arraes, de Pernambuco. Antes de avançar com seu plano, o governador mineiro queria ouvir a opinião do Chateaubriand sobre os termos do documento. Alguém leu o manifesto e Magalhães quis saber o que Chateaubriand achava dele. Com a voz quase inaudível de sempre, o jornalista desculpou-se, dizendo que estava afônico, com pouco fôlego e pediu a um enfermeiro que fizesse pressão sobre seu esôfago para que a voz saísse melhor. Com um sorriso maroto nos lábios, em vez de qualquer palavra ele soltou um sonoro peido, e, diante do olhar de todos declarou, risonho:
— Essa é a única resposta que posso dar a um manifesto sinatura de Seixas Dória e de Miguel Arraes."
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