D. Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e
Recife, visitou Francisco de Assis Chateaubriand, de quem era amigo mas de
cujas posições políticas, consideradas "esquerdizantes", sempre
discordara publicamente. dias antes do seu falecimento do Chateaubriand e à saída
do hospital, d. Hélder falou aos jornalistas em um tom que soava a
extrema-unção:
- De Chateaubriand se pode dizer o melhor
e o pior. Haverá quem diga horrores pensando nele, mas como não recordar as
campanhas memoráveis que ele empreendeu?Dentro do maquiavélico, do chantagista,
do cínico, o Pai saberá encontrar a criança, o poeta. Deus saberá julgá-lo.
Como se estivesse se vingando das
palavras do religioso, que nem chegara a ouvir, Chateaubriand publicaria no dia
seguinte um artigo curto e duro sobre ele, intitulado "A inquietação do
padre":
Vejo o arcebispo de Olinda e
Recife como a ovelha da madre Igreja que mais e mais se afasta de seu redil. Não está
cumprindo a missão de servo de Deus, ungido pelos princípios da eternidade espiritual de sua fé.
Açoitado pelas paixões humanas, precipita-se em fúria, sem pouso, sem paz, num apostolado
que seria o da Nova Igreja do Nordeste. D. Hélder se faz, sem ter a mesma envergadura de
pensamento, um Carlos Lacerda de saias.
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