quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Ditadura militar: general Mourão Filho tenta assaltar a Petrobrás, mas é driblado!

Fardado, o general Olympio Mourão Filho chegou com uma escolta à praça Pio X, sede da Petrobrás. Era o símbolo do novo regime e ia assumir a presidência da empresa. Foi recebido pelo secretário-geral, Amaro Alonsi Belo, o Dr. Belo.
O veterano petroleiro explicou ao general que por mais que o ministro Costa e Silva desejasse vê-lo no comando da Petrobrás, só um ato do presidente da República poderia investi-lo na função. Feito isso, precisaria trazer uma carteira de identidade (provando que era brasileiro nato) e um recibo de caução de ações da empresa, visto que só um acionista poderia exercer a sua presidência. Mourão explicou que estava ali em nome da Revolução. O Dr. Belo concordou, insistindo em que os documentos eram indispensáveis, por determinação do estatuto da Petrobrás. Ademais, eram documentos fáceis de ser providenciados. Coisa de um dia, no máximo. O general aceitou a ponderação do veterano burocrata, deu uma entrevista anunciando seu programa de ação na empresa e voltou para Juiz de Fora.  Quando se deu conta, o marechal Ademar de Queiroz, com os papéis em ordem, assumira a presidência da Petrobrás.
No dia 11 de abril, depois de um conciliábulo de governadores e generais destinado a evitar a coroação de Costa e Silva, o general Humberto de Alencar Castello Branco foi eleito presidente da República pelo Congresso Nacional, como mandava a Constituição. Prometeu “entregar, ao iniciar-se o ano de 1966, ao meu sucessor legitimamente eleito pelo povo em eleições livres, uma nação coesa”. Em 1967 entregou uma nação dividida a um sucessor eleito por 295 pessoas.


FONTE:
Descrição do livro
Em 1984, o jornalista Hélio Gaspari ganhou uma bolsa de três meses do Wilson Center for International Scholars. Sua intenção era escrever um ensaio cujo título já estava definido: “Geisel e Golbery, o Sacerdote e Feiticeiro”. Em cerca de cem páginas, Gaspari pretendia explicar por que entre 1974 e 1979 o ex-presidente e o chefe do seu gabinete Civil desmontaram a ditadura militar, quando na década anterior, entre 1964 e 1967, haviam ajudado a construí-la. A convicção de que bastariam cem páginas foi abandonada; dezoito anos depois, o que era um ensaio se transformou em cinco livros. Em A Ditadura Envergonhada, o leitor vai encontrar um minucioso relato do golpe de 1964, com seus lances de acaso e improvisos, a luta pelo poder nos primeiros anos do governo militar, a criação do SNI e os bastidores da elaboração dos primeiros atos institucionais, até a edição do Ato Institucional nº5 , em dezembro de 1968, e a famosa aula de tortura de outubro de 679, dada por um tenente no quartel da Vila Militar no Rio de Janeiro, quando a ditadura deixa de se envergonhar de si própria.
# Esta obra trata-se do primeiro livro da coleção e primeiro volume da série As Ilusões Armadas.
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